10/05/2017

Luísa de Marillac: um testemunho de doação

Luísa de Marillac nasceu em Paris, tendo a família paterna pertencente à nobreza; desconhece-se a origem e identidade de sua mãe. Desde jovem busca o ideal da consagração religiosa, o qual não conseguiu levar a cabo no momento almejado. Assume, assim, a vocação matrimonial e a maternidade e, após se tornar viúva, encontra na orientação e cooperação com as iniciativas de serviço aos pobres organizadas por Vicente de Paulo, uma forma audaciosa e original da consagração desejada, vivida nas “idas e vindas” no meio do povo e no atendimento às suas necessidades. Seus passos foram seguidos por muitas outras jovens, dispostas a tudo deixarem para servir os pobres em nome de Jesus Cristo. Desta experiência surge a Companhia das Filhas da Caridade. Exímia educadora, para ela a ação educativa corresponde a um ato de justiça que completa a caridade-amor, a qual todo/a vicentino/a é chamado/a a assumir em sua missão.

 

O projeto educativo que assumimos como Educação Vicentina encontra sua referência na confessionalidade assumida a partir das experiências espirituais e apostólicas de nossos Fundadores. Por isso, recordar a vida e obra destes é, para nós, um compromisso e um privilégio. Assim, o dia 09 de maio, estabelecido como dia de Santa Luísa de Marillac, nossa fundadora, é ocasião propícia para olharmos para seu testemunho de vida e de ação, atualizando para nosso tempo as lições de amor e serviço evangélico que dela aprendemos. Entendemos que esse resgate de nossa história não está desconectado de realidade que vivemos, especialmente das situações que nos pedem uma presença ativa e significativa. Assim, no ano que lembramos os 400 anos do Carisma Vicentin, nos dispomos a festejar de Santa Luísa como testemunho de doação. Em sintonia com nosso projeto pedagógico-pastoral do ano, olhamos para ela com um exemplo de “Amor-Ação”, convictos/as de que suas atitudes de amor afetivo e efetivo, especialmente com as crianças e com os pobres, inspiram nossa prática educativa hoje.

 

“Doar” é um verbo genuinamente radicado no Evangelho. Olhando para as Sagradas Escrituras, percebermos um Deus que se revela e se comunica na doação gratuita e compassiva. Em Jesus de Nazaré, essa doação atinge seu ápice e expressão singular. Ele nos comunicou a mensagem do Reino de Deus, cujo sentido último está na promoção da vida em abundância para todos/as; por essa causa doou sua vida até as últimas consequências. No seguimento de Cristo, Vicente de Paulo e Luísa de Marillac traduzem sua experiência de doação e compromisso com o Reino no serviço corporal e espiritual aos mais pobres, sendo a educação uma das vias pelas quais essa missão acontece. Educar é, assim, a disposição de doar-se continuamente na perspectiva de partilha de conhecimentos e saberes, na construção de relações fecundas, na transformação de si e do mundo.

 

Dessa forma, apontamos para uma compreensão de doação que supera o senso comum de distribuição de algo, de objetos ou outros recursos quantitativos. Doar é uma atitude, uma disposição pessoal e comunitária em reconhecer que, como seres humanos, dependemos uns/umas dos/as outros/as, como também de toda a Criação que nos cerca. Essa interdependência não pode ser sinônimo de relações de interesses, mas de encontros de comunhão e aprendizado mútuo.

 

Neste processo, a mística é como o fio que costura e integra a diversidade de identidades e dons que possuímos, a fim de que todos/as tenham as condições necessárias para bem viver. Precisamos, sim, promover a equidade e a justiça no acesso aos bens e recursos, mas, sobretudo, necessitamos sensibilizar-nos para a presença do/a outro/a e assumirmos uma cultura da doação de si, da aproximação gratuita e fraterna, especialmente daqueles/as que se encontram em situação de maior vulnerabilidade. Como nos convida o Papa Francisco, somos impelidos/as a promover a cultura do encontro, a fazer-se próximo/a.  Superamos, assim, uma visão pragmática de doação e a inserimos na lógica do testemunho, que é o momento primeiro da experiência de nossa fé: nossas atitudes e nossa vida são as melhores palavras para falarmos de Deus.

 

“Os pobres são nossos mestres a quem devemos amar com ternura e respeitar profundamente. Não basta termos isso na memória, mas devemos demonstrá-lo por nossos serviços caridosos e afáveis” (LM, C. 322).

 

 

Oração:

 

Amoroso Deus, nós te agradecemos pelo exemplo de fé e doação aos irmãos que nos foi legado por Santa Luísa de Marillac. Que possamos aprender dela a verdadeira e fecunda vivência do amor-caridade, especialmente em favor dos mais pobres. Isso Te pedimos por Jesus de Nazaré, Teu Filho e nosso irmão. Amém!

 

Pastoral Escolar Vicentina - Província de Curitiba

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